segunda-feira, 18 de junho de 2012

O Pasquim entrevista Madame Satã

Por Thiago Maia

Entrevista com Madame Satã concedida ao Jornal Pasquim, 
Rio de Janeiro, Abril de 1971


Sérgio - Quantos anos você esteve preso?
Ao todo eu tirei 27 anos e oito meses.

Sérgio – E há quantos anos você está liberdade
Há seis anos. Saí no dia 3 de maio, há seis anos.

Sérgio – Mas você continua morando na Ilha Grande.
Continuo morando na Ilha Grande porque eu achei que é um lugar onde eu posso viver mais sossegado, mais descansado das perseguições da polícia e mesmo da vida agitada que eu levava.

Millôr - Que idade você tem?
Tenho 71 anos de idade.

Sérgio - Com essa cara?! É verdade que você tem mãe viva, ainda?
Tenho sim, está com 103 anos e mora no interior de Pernambuco.

Millôr - Você é pernambucano?
Sou.

Millôr - Você está no Rio há quantos anos?
 Eu cheguei no Rio em 1907 e fui morar na rua Moraes e Vale, 27, ali no largo da Lapa.

Millôr - E que profissão você exercia?
Eu sempre fui cozinheiro. Até 1923 eu fui cozinheiro. Em 1924 eu ingressei na Casa de Caboclo.

Millôr - Que nível de instrução você tem?
Sou analfabeto de pai e mãe.

Millôr - Pelos seus amigos você é chamado como? De Madame Satã ou é chamado pelo seu próprio nome?
De Satã.

Millôr - Como é seu nome todo?
Meu nome todo é João Francisco dos Santos, sou filho de Manoel Francisco dos Santos e Firmina Teresa da Conceição.

Millôr - Você tem consciência de que você é uma figura mitológica no Rio de Janeiro?
É o que diz a sociedade, não é? Só que tem que eu sou anti-social.

Para conferir a entrevista na íntegra acesse a guia Especiais, aqui mesmo no blog

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