Por Tatiana Gouvêa
Depois de um longo período de ditadura onde as pessoas se manisfestavam apenas nas entrelinhas, ressurge a liberdade de expressão.
Com essa libertade as pessoas passaram a se perguntar, o que fazer com ela? Acostumados a inventar subterfúgios para dizer as coisas, agora. se podia dizer o que pensava ou será que não era bem assim? Será que algum orgão do governo poderia ir atrás da pessoa que falasse algo? O que se pode fazer, afinal? O que não se pode?
Sem as respostas para todas estas questões e na cara-de-pau, surgiu nas bancas em 1984 o jornal "O Planeta Diário" (sim, o mesmo nome do jornal do Superman). Imagine você chegar numa banca e ao lado da Folha de São Paulo, do Estadão, do Jornal da Tarde você se deparar com um jornal com manchetes como "DEPOIS DA CHINA, SARNEY IRÁ À MERDA", "MÉDICI MORRE, MAS PASSA BEM", "VIADOS QUEREM QUE NOVO PRESIDENTE ASSUMA LOGO", "MULHER DE DEPUTADO DÁ À LUZ BEBÊ COM DUAS CABEÇAS E TRÊS EMPREGOS", "CANDIDATOS EPILÉTICOS SE DEBATEM NA TV"...
Sem saber direito onde estavam pisando, os humoristas cariocas Reinaldo, Hubert e o redator Claudio Paiva (hoje "Grande Família") colocaram o jornal com manchetes e matérias absurdas e esdrúxulas nas bancas e se depararam com um sucesso nas mãos.
O jornal durou de 1984 a 1992 mas em 1988 eles foram chamados pela Globo, junto com outros humoristas (como os da revista "Casseta Popular", mas esta é outra história) para escreverem um programa novo chamado "TV Pirata". Quando o TV Pirata acabou, um novo projeto chamado "Dóris para Maiores"(1991) colocou os humoristas à frente das câmeras como "repórteres", formato que eles usam até hoje no programa que sucedeu "Dóris", o "Casseta e Planeta".
O Planeta Diário foi o jornal mais importante da década de 1980, apontou um novo rumo no humor. O Planeta foi uma das poucas idéias que deram certo numa década que chegou ao fim desmoralizada. Em 2007, o livro O Planeta Diário foi lançado e ele é uma ótima pedida para quem curte um humor politicamente incorreto.