terça-feira, 19 de junho de 2012

Décima Sexta edição, o fim do ex-.


Por João Maia e Felipe Exaltação,

Depois de quinze exemplares que foram às ruas, o jornal ex- tinha preparado uma décima sexta edição que prometia dar o que falar, e deu. Sem saber que aquela seria a última edição que iria pras ruas, preparam um exemplar sensacional. Estampando a capa inteira a notícia sobre a morte de Vladimir Herzog, diretor da tv cultura em 1975, que foi encontrado morto enforcado com a própria vestimenta, mas que segundo um consenso na sociedade brasileira que o jornalista foi torturado até a morte e seu corpo foi colocado em uma forca, na tentativa dos militares de forjar um enforcamento.

O ex- de Novembro de 1975 trazia a cobertura completada da morte de Herzog, jornalistas do jornal trabalharam em conjunto arduamente para fechar essa edição. Mesmo a pedidos de jornalistas da própria imprensa alternativa e de pressão da ditadura militar para que esse exemplar não fosse para as ruas, o jornal, por vontade de todos os que o integravam, foi vendido. Anunciantes alegaram ameaças e retiraram seus anúncios, leitores cancelaram assinaturas, era o fim do ex-.

O exemplar ainda contava em sua primeira capa com uma crítica dura ao Pasquim, que segundo Sérgio Buarque de Gusmão, abandonou os princípios de imprensa alternativa, se juntou aos jornais de interesse e deixou de lado tudo o que era proposto em seu começo. O título era forte; “Pau no Pasquim”

Todo esforço dos jornalistas do ex- para colocar nas ruas a cobertura completa não foi em vão, mas acabou se tornando o final de um dos melhores jornais do Brasil. E a última palavra escrita na décima sexta edição foi “criminalísticas”, que combina bem com o crime que foi o fechamento do jornal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário