Por Jacqueline Patrocínio
Durante o período de Ditadura Militar, o jornal O Pasquim comentava e explicava fatos o cotidiano com humor nas charges políticas. Com grandes talentos, o jornal teve charges memoráveis, que rendem muita história.
Legenda da imagem formação: Uma das principais formações do Pasquim com Millôr Fernandes em pé, no centro, e Jaguar, Ziraldo, Paulo Francis e Sérgio Augusto, sentados. |
Quando o jornal publicou uma montagem com Dom Pedro gritando “Eu quero mocotó!”, a partir do quadro “Independência ou Morte” de Pedro Américo, quase toda a redação foi presa pelos militares, que a consideraram extremamente desrespeitosa.
Entretanto, durante o período de detenção, cerca de dois meses, o Pasquim continuou circulando, trazendo artigos de colaboradores, como Chico Buarque, Rubem Fonseca, Odete Lara, e Gláuber Rocha.
Legenda de Mocotó: Montagem de Jaguar resultou na detenção de quase toda a equipe do Pasquim |
As charges refletiam as preocupações da sociedade da época. O personagem “Ubaldo, o paranóico” foi criado no ano de 1975 por Henfil, logo após a morte do jornalista Vladimir Herzog nas dependências do II Exército.
“A idéia de fazer o Ubaldo foi justamente de colocar a nu a perseguição. Porque pouco se fala dela e muita gente pensa que ela não existe. Ela se tornou tão forte que numa reação de defesa gigantesca as pessoas evitam pensar nela para não se anularem de medo. E acho também que Ubaldo é jornalismo. Estou informando que em 1976 as pessoas estavam com medo de falar no telefone”, revela Henfil na revista Fradim, também alternativa.
Legenda da imagem Henfil: O personagem Ubaldo em charge sobre o medo de sair às ruas no período de Regime Militar. |
Em 1980 o semanário publicou uma charge de Chico Caruso que ilustra Lula na prisão. Na época Lula era líder do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, São Paulo, e comandou uma greve de mais de um mês de duração no ABC.
Ele lutava pela democracia no país e contra a perda de poder aquisitivo dos trabalhadores brasileiros. Devido a seu posicionamento, Lula foi preso e presidência do sindicato sofreu intervenção do presidente general João Figueiredo.
Legenda da imagem Lula: Na edição 567 do jornal o chargista Chico Caruso ironizou a situação de Lula |
Em uma de suas charges mais famosas, Ziraldo mostra sua versão para o lema “Brasil, ame-o ou deixe-o”. O slogan do Regime Militar marcou o governo do General Emílio Médici.
No número 46 do jornal, com a frase “Censura Lendo o Material do Pasquim”, charge de Millôr Fernandes satiriza e denuncia a censura que era imposta à imprensa em 1970.
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