terça-feira, 5 de junho de 2012

Versus: metáfora como jornalismo de resistência

Por Paula Regufe

Em outubro de 1975 o jornalista gaúcho Marcos Faerman lançou o jornal bimestral Versus, consagrado porta voz do Partido Socialista dos Trabalhadores, o PST, que até completar 4 anos de existência foi ganhando espaço até se tornar uma das maiores manifestações radicais de comunicação. Como se não bastasse sua grande influência na produção jornalística, o periódico também lançou um caderno cultural, usando outros tipos de linguagem, como metáforas culturais e históricas para representar o movimento, ‘’jornal de reportagens, idéias e cultura (...) proclamando a cultura como forma de ação política. Quase não produzia o jornal factual clássica; expressava-se por meio dos sentimentos, e não do convencimento lógico. Valorizava sobretudo a forma, numa fusão de elementos usados livremente: jornalismo, fotografia, desenho, histórias em quadrinhos, literatura, poesia.’’, enfatiza em seu  livro ‘’Jornalistas e Revolucionários nos tempos da imprensa alternativa’’, o jornalista Bernardo Kucinski. 

Com as intimidações indiretas sofridas pelo DEOPS, em 1979, o jornal chegou a pagar multas pesadas, mas não suficiente para desabilitar o veículo, que ficou muito conhecido pela adoção da cultura de resistência como manifesto estético, ‘’na mesma tradição do teatro de resistência e do cinema de resistência’’. O jornal começou a ser comercializado de mão em mão durante 1 ano, com apenas doze jornalistas, sem nenhum capital inicial, até alcançar a marca de mais de 35 mil exemplares vendidos por edição.
Afinal, Versus não era uma simples publicação, mas um objeto belo e bem concretizado, com temática própria, em meio de uma América Latina controlada por regimes autoritários. O jornal se concretizou desde sua criação e permaneceu durante anos sendo vendido e ajudando a esquerda na luta contra a ditadura.   


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