Por: Vanessa Santarém
Jaguar é uma das presenças mais constantes na imprensa brasileira nos últimos 50 anos. Jaguar faz parte da geração de artistas gráficos que luta a partir de 1964 contra a censura imposta pelo regime militar. É um dos fundadores de O Pasquim em 1969, no qual trabalha como editor de humor, cartunista, entrevistador e administrador. Conta-se que o semanário, cujo nome significa "jornal ruim e controverso", foi batizado por Jaguar, o único da equipe original que permanece até o fim de O Pasquim, em 1991. De suas mãos nasce o mascote do jornal, o ratinho Sigmund, ou Sig, referência a Sigmund Freud (1856 - 1939) e alter-ego de Jaguar, que faz o papel de mestre-de-cerimônias, aparecendo na capa e na abertura das matérias que são a novidade da semana. O ratinho de personalidade variada, valentão e irônico, sonhador e bem-comportado, muda de fisionomia na mesma medida em que muda de humor. Ao lado dos Fradinhos de Henfil (1944 - 1988), Sig torna-se um dos símbolos de O Pasquim. No entanto, sua tira Chopinics, em parceria com Ivan Lessa, e o personagem Gastão, o vomitador também fazem bastante sucesso nas páginas do jornal.
É comum o uso de colagens e montagens, em geral de obras de arte famosas, nas histórias ou charges de Jaguar. Exatamente por causa de uma de suas charges-montagem quase a totalidade da equipe do O Pasquim é presa por dois meses pelo regime militar no final de 1970. A obra que serviu de estopim para a detenção reproduzia o quadro de Pedro Américo (1843 - 1905) Independência ou Morte (1888), no qual a figura de Dom Pedro I (1798 - 1834) vinha acompanhada de um balão com a seguinte frase (tirada da música de Jorge Ben): "Eu quero é mocotó!". Durante os dois meses que se seguiram, O Pasquim é editado por Millôr Fernandes (1923) e Henfil, os únicos da redação que escapam da cadeia, ajudados por artistas e simpatizantes do jornal como Chico Buarque (1944), Glauber Rocha (1939 - 1981), Odete Lara (1929), Rubem Fonseca (1925), entre outros. Henfil, responsável por Sig neste período, "destrambelha" o ratinho intelectualizado, para diversão de Jaguar que acompanha o semanário da prisão.
Após o fim de O Pasquim, Jaguar torna-se editor do jornal A Notícia. Atualmente escreve coluna semanal no jornal O Dia, e elabora charges para a coluna de Ivan Lessa no Jornal do Brasil. Em 1999 participa juntamente com Ziraldo (1932) e outros remanescentes do O Pasquim da criação da revista de humor Bundas.
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