Por Pierre Meirelles
Durante os 15 anos de ditadura militar no Brasil, entre 1964 e 1980, nasceram e morreram cerca de 150 periódicos, que tiveram como traço comum a oposição intransigente ao regime militar. Ficaram conhecidos por imprensa alternativa ou nanica.
A palavra “nanica” foi inspirada no formato tablóide desses periódicos, que correspondem à metade do formato standard, adotado pela grande imprensa. O termo foi disseminado principalmente por publicitários, no curto período em que eles se deixaram cativar por esses jornais. O termo também poderia ser associado à conotação de pequenez, que corresponderia à visão da grande mídia em relação à imprensa alternativa. O significado da palavra "alternativa", por seu turno, incorpora quatro das características que marcaram a imprensa dita nanica: a de algo que não está ligado às políticas dominantes; a de opção entre duas coisas reciprocamente excludentes; a de uma única saída para uma situação difícil e, finalmente, o desejo das gerações dos anos de 1960 e 1970 de protagonizar as transformações sociais que pregavam.
A liberdade de expressão no Brasil esteve cerceada por ações políticas e militares entre 1964 e 1980. Isso estimulou a criação da imprensa alternativa, que passou a cumprir um papel importante, especialmente a partir dos anos 70, ao dar voz ao livre pensar dos jornalistas, intelectuais e artistas que lutavam pela liberdade de expressão naquele período. O fenômeno da imprensa alternativa foi mundial. Começou nos anos 60 nos E.U.A., e foi seguido por publicações europeias durante o período de protestos estudantis nos anos 70.
Os jornais, almanaques, revistas e suplementos alternativos no Brasil tiveram um papel importante na formação da opinião pública, ao darem voz às questões discutidas pelo movimento estudantil, por intelectuais, artistas, clérigos e jornalistas comprometidos com a criação de novos caminhos para a circulação de ideias e informações. Esses periódicos foram produzidos fora dos padrões vigentes na época e o seu fazer era clandestino, pelo risco que oferecia aos envolvidos na sua produção. De modo amplo, esses periódicos propagavam poesia, cartuns, charges, quadrinhos, matérias e editoriais que ousavam em suas propostas tipicamente contraculturais.
O movimento da imprensa alternativa influenciou a construção das gerações seguintes na grande imprensa, na medida em que revelou uma relação estreita entre a contracultura e a filosofia libertária, deixando, assim, um legado para o entendimento dos movimentos sociais e políticos.
A imprensa alternativa inicialmente caracterizou-se por ter sua formação em grupos estudantis que, unidos por um ideal revolucionário, discutiam uma nova conformação política e ideológica. Ela começou a ganhar maior visibilidade com a publicação do semanário "Amanhã", de São Paulo, em março de 1967.
Também merecem destaque o carioca "O Sol" e o pequeno jornal "Piquete", distribuído na greve de Contagem em Minas Gerais, no ano de 1968. O "Amanhã" não era dirigido apenas a militantes, mas ao público em geral. Teve vida curta, mais consolidou uma liderança emergente na imprensa, a de Raimundo Rodrigues Pereira. Na preparação da sua edição número 6, a redação do periódico recebeu a visita de agentes do Departamento de Ordem Política Social (Dops), que impediram a impressão do jornal, por conter a reprodução de um discurso de Fidel Castro publicado pelo jornal francês Le Monde.
O episódio não só impossibilitou a edição como determinou o fim do "Amanhã". E esse processo se repetiu com muitos outros jornais alternativos. Mas Raimundo Rodrigues Pereira ressurgiu à frente de dois principais tabloides alternativos de fins dos anos 70: "Opinião", editado no Rio de Janeiro e "Movimento", produzido em São Paulo. De um posterior racha no Jornal "Movimento", foi criado o jornal "Em tempo". Muitos outros nanicos alcançaram prestígio em suas edições, apesar de não conseguirem a projeção destes já citados, pelas condições adversas que encontravam. Caso emblematico foi o do jornal "Ex", que agregou jornalistas que traziam em sua bagagem a experiência de publicações já extintas. O "Ex" foi fechado logo após uma publicação de grande tiragem. Em sua edição final, há uma grande reportagem investigativa que desmentia a versão oficial da morte do jornalista Vladimir Herzog. A versão oficial dizia que o jornalista havia se suicidado na cela em que estava detido.
O espírito do jornalismo alternativo esteve também por pouco mais de um ano e oito meses incorporado à grande imprensa, na "Folha da Tarde". A proposta alternativa foi extinta em meados de 1969, com o decreto do AI-5, quando o jornal teve a sua redação completamente reformulada, antes, portanto, da explosão da imprensa alternativa na década de 70.
A palavra “nanica” foi inspirada no formato tablóide desses periódicos, que correspondem à metade do formato standard, adotado pela grande imprensa. O termo foi disseminado principalmente por publicitários, no curto período em que eles se deixaram cativar por esses jornais. O termo também poderia ser associado à conotação de pequenez, que corresponderia à visão da grande mídia em relação à imprensa alternativa. O significado da palavra "alternativa", por seu turno, incorpora quatro das características que marcaram a imprensa dita nanica: a de algo que não está ligado às políticas dominantes; a de opção entre duas coisas reciprocamente excludentes; a de uma única saída para uma situação difícil e, finalmente, o desejo das gerações dos anos de 1960 e 1970 de protagonizar as transformações sociais que pregavam.
A liberdade de expressão no Brasil esteve cerceada por ações políticas e militares entre 1964 e 1980. Isso estimulou a criação da imprensa alternativa, que passou a cumprir um papel importante, especialmente a partir dos anos 70, ao dar voz ao livre pensar dos jornalistas, intelectuais e artistas que lutavam pela liberdade de expressão naquele período. O fenômeno da imprensa alternativa foi mundial. Começou nos anos 60 nos E.U.A., e foi seguido por publicações europeias durante o período de protestos estudantis nos anos 70.
Os jornais, almanaques, revistas e suplementos alternativos no Brasil tiveram um papel importante na formação da opinião pública, ao darem voz às questões discutidas pelo movimento estudantil, por intelectuais, artistas, clérigos e jornalistas comprometidos com a criação de novos caminhos para a circulação de ideias e informações. Esses periódicos foram produzidos fora dos padrões vigentes na época e o seu fazer era clandestino, pelo risco que oferecia aos envolvidos na sua produção. De modo amplo, esses periódicos propagavam poesia, cartuns, charges, quadrinhos, matérias e editoriais que ousavam em suas propostas tipicamente contraculturais.
O movimento da imprensa alternativa influenciou a construção das gerações seguintes na grande imprensa, na medida em que revelou uma relação estreita entre a contracultura e a filosofia libertária, deixando, assim, um legado para o entendimento dos movimentos sociais e políticos.
A imprensa alternativa inicialmente caracterizou-se por ter sua formação em grupos estudantis que, unidos por um ideal revolucionário, discutiam uma nova conformação política e ideológica. Ela começou a ganhar maior visibilidade com a publicação do semanário "Amanhã", de São Paulo, em março de 1967.
Também merecem destaque o carioca "O Sol" e o pequeno jornal "Piquete", distribuído na greve de Contagem em Minas Gerais, no ano de 1968. O "Amanhã" não era dirigido apenas a militantes, mas ao público em geral. Teve vida curta, mais consolidou uma liderança emergente na imprensa, a de Raimundo Rodrigues Pereira. Na preparação da sua edição número 6, a redação do periódico recebeu a visita de agentes do Departamento de Ordem Política Social (Dops), que impediram a impressão do jornal, por conter a reprodução de um discurso de Fidel Castro publicado pelo jornal francês Le Monde.
O episódio não só impossibilitou a edição como determinou o fim do "Amanhã". E esse processo se repetiu com muitos outros jornais alternativos. Mas Raimundo Rodrigues Pereira ressurgiu à frente de dois principais tabloides alternativos de fins dos anos 70: "Opinião", editado no Rio de Janeiro e "Movimento", produzido em São Paulo. De um posterior racha no Jornal "Movimento", foi criado o jornal "Em tempo". Muitos outros nanicos alcançaram prestígio em suas edições, apesar de não conseguirem a projeção destes já citados, pelas condições adversas que encontravam. Caso emblematico foi o do jornal "Ex", que agregou jornalistas que traziam em sua bagagem a experiência de publicações já extintas. O "Ex" foi fechado logo após uma publicação de grande tiragem. Em sua edição final, há uma grande reportagem investigativa que desmentia a versão oficial da morte do jornalista Vladimir Herzog. A versão oficial dizia que o jornalista havia se suicidado na cela em que estava detido.
O espírito do jornalismo alternativo esteve também por pouco mais de um ano e oito meses incorporado à grande imprensa, na "Folha da Tarde". A proposta alternativa foi extinta em meados de 1969, com o decreto do AI-5, quando o jornal teve a sua redação completamente reformulada, antes, portanto, da explosão da imprensa alternativa na década de 70.
KUCINSKI, Bernardo. Jornalistas e revolucionários. São Paulo: Página aberta,1991, p 5 Referências bibliográficas
PILIGALLO, Oscar. A história da imprensa paulista. São Paulo: Três estrelas, 2012.
KUCINSKI, Bernardo. Jornalistas e revolucionários. São Paulo: Página aberta,1991.
Para mais informações sobre o assunto, você pode pesquisar no catálogo da imprensa alternativa em http://www0.rio.rj.gov.br/arquivo/pdf/catalogo_imprensa_alternativa.pdf
ou acessar http://www.resistirepreciso.org.br/
Veja a matéria sobre o documentário Resistir é preciso, no programa Vitrine, na TV Cultura. Junho 2011
Veja Bernardo Kucinski, no trecho do documentário Resistir é preciso, 2011. Brasil.
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