Diante do período de opressão e censura que impunha a ditadura militar no Brasil, uma nova maneira de se fazer jornalismo surgia no País. Era a chamada imprensa alternativa ou imprensa nanica, que consistia em grupos de jornalistas e intelectuais indignados com o regime vigente no país naquela ocasião e que resolveram criar (ou até mesmo adaptar) seus meios de comunicação que os possibilitassem ter voz ativa na sociedade em meio a algazarra social pela qual passava o país.
Dentre aqueles que mais tiveram relevância está o “Pasquim”, que foi sem dúvida o mais influente jornal de oposição à ditadura militar no Brasil. Com uma mistura ácida de política e humor, o “Pasquim” iniciou envolvido por esse contexto conturbado que vivia o país, uma verdadeira revolução política-cultural na forma de se fazer jornalismo.
Existe é bem verdade, uma série de publicações que se enquadram na imprensa alternativa, no entanto o “Pasquim” se sobressaiu pela sua popularidade e também pelo seu incrível poder de mobilizar e incomodar as autoridades, e é claro pelo seu projeto de cara bem ambicioso e até hoje gera bastante discussão a cerca da política.
De uma tiragem inicial de 20 mil exemplares, que a princípio parecia exagerada, o “Pasquim” atingiu a marca de mais de 200 mil em seu auge, em meados dos anos 70, se tornando um dos maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro. A princípio uma publicação comportamental (falava sobre sexo, drogas, feminismo e divórcio, entre outros) o "Pasquim" foi se tornando mais politizado a medida que aumentava a repressão da ditadura. Com isso ele passou então a ser porta-voz da indignação social brasileira.
O projeto nasceu no final de 1968 após uma reunião entre o cartunista Jaguar e os jornalistas Tarso de Castro e Sérgio Cabral, o trio buscava uma opção para substituir o tablóide humorístico "A Carapuça", de Sérgio Porto(que havia falecido).
O nome, que significa "jornal difamador, folheto injurioso", foi sugestão de Jaguar: "terão de inventar outros nomes para nos xingar", disse ele, já prevendo as críticas da qual seriam alvo.
Com o passar do tempo figuras de destaque na imprensa brasileira, como Ziraldo, Millôr, Prósperi, Claudius e Fortuna, se juntaram ao time, e a primeira edição finalmente saiu em 26 de junho de 1969. Além de um grupo fixo de jornalistas, a publicação contava com a colaboração de nomes como Henfil (que não participou da fundação do jornal por ter brigado anteriormente com os cartunistas mais "velhos" como Ziraldo e Claudius na discussão de um projeto anterior), Paulo Francis, Ivan Lessa, Carlos Leonam e Sérgio Augusto, e também dos colaboradores eventuais Ruy Castro e Fausto Wolff. Como simbolo do jornal foi criado o ratinho Sig (de Sigmund Freud), desenhado por Jaguar e baseado na anedota da época que dizia que “...se Deus havia criado o sexo, Freud criou a sacanagem.”
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