Por Glicieli Martins
O Jornal Movimento foi lançado dia 7 de julho de 1975, pela editora Manifesto, e editado por Raimundo Rodrigues Pereira, com sede em São Paulo e sucursais em outros estados. O jornal era visto como um projeto em que os colaboradores poderiam juntos decidir sobre as bases e o destino do jornal. Essa estrutura de gerir um veículo de forma coletiva integram novo paradigma naquele período, e dentro do universo jornalístico o Movimento passou a ser identificado como o “jornal sem patrão”.
Os principais colaboradores do jornal foram: Antonio Carlos Ferreira, Fernando Henrique Cardoso, Duarte Pereira (jornalista da antiga revista Realidade) Perseu Abramo, Chico Buarque de Holanda, Chico Pinto, Fernando Peixoto, Elifas Andreato, Hermillo Borba Filho, Jayme Leão (capas), Chico Caruso (charges), Tonico Ferreira, Marcos Gomes, Bernardo Kucinski, Maurício Azedo, Jean Claude Bernardet, Chico de Oliveira, Teodomiro Braga, Aguinaldo Silva.
O semanário convergia várias correntes políticas e filosóficas, que consolidavam e davam força às informações presentes dentro das reportagens. A maioria delas compreendia em investigações, principalmente sobre o regime militar, manifestações de opinião, discussões políticas, denúncias e luta pelos trabalhadores.
O jornal sempre teve como principal função a utilidade pública, a luta pela democracia e defesa dos interesses nacionais. Esses elementos iam de encontro à ideologia do regime militar e por isso o jornal sofreu várias intervenções militares como proibição de edições, cortes, censuras, reedição de matérias, entre outras. “Foram totalmente censuradas 184 reportagens nos 15 primeiros números de Movimento, e parcialmente vetadas outras 177, num total de 1099 laudas"(CHIEMEN, SP: 1995,pp:75) O jornal teve seu lançamento já censurado, no dia previsto para sair o primeiro exemplar, em que sua edição apreendida. “Movimento começou censurado. Mesmo assim não fez feio. Em sua primeira edição, em duas páginas escritas com simplicidade, [...] Foi a publicação melhor exposta nas bancas naquela semana”de julho de 1975. (CHIEMEN, SP: 1995,pp:74)
Para driblar a censura o jornal elaborava estratégias, uma delas era elaborar várias capas caso tivesse alguma delas repreendidas. Mas a censura era muito forte e notaram-se significativas reduções no número de exemplares. O jornal só conseguiu se sustentar porque tinha um grande número de acionistas, o que permitiu o jornal chegar até o processo democrático do país.
O fim do Movimento está ligado ao mesmo fim de todos os outros jornais da Imprensa Alternativa. A nova conjuntura política do país fez com que as correntes se dividissem e investissem em seus próprios veículos de comunicação.
BIBLIOGRAFIA
CHIENE, Rivaldo. IMPRENSA ALTERNATIVA: Jornalismo de Oposição e Inovação. Editora Ática: SP, CHIENE, Rivaldo. IMPRENSA ALTERNATIVA: Jornalismo de Oposição e Inovação. Editora Ática: SP.
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