Por Gliciele Martins
Apesar do constante controle e opressão, o período compreendido entre 1964 e 1980 foi marcado por muitas discussões e reflexões sobre a realidade. A opressão ao invés de calar faz com que as pessoas pensem mais e tentem buscar alternativas de expressar o que estão sentindo. Essa nuance psicológica inerente ao ser humano foi um dos elementos que contribuiu para o surgimento da Imprensa Alternativa.
Entre os jornais alternativos, o jornal movimento ganhou bastante evidência. E teve seu início a partir de um racha do jornal Opinião, que havia nascido alguns anos antes (1972). O jornal Opinião passou por uma crise e teve início divergências entre Raimundo Pereira, que era o editor e Fernando Gasparian, dirigente do jornal. Como Raimundo já se dedicava ao projeto de um novo jornal, ele propôs um rompimento. O jornal Movimento nasce desse rompimento, e Raimundo começa a buscar novos colaboradores para o seu jornal.
A linha editorial do jornal se baseou em promover um “jornal democrático e popular, independente e pluralista” que lutaria principalmente pela população excluída da sociedade. Mas como todos os jornais, ele sofreu com pesadas censuras e cortes.
“a censura cortou 3.093 artigos na íntegra, 3.162 ilustrações e uma média de 4.500.000 palavras, até a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi parcialmente vetada pela censura”. (GASTAUD, 2008)
A equipe do jornal era obrigada a enviar um exemplar para os censores do governo que analisavam o que seria e o que não seria publicado. A censura se tornou rotina na redação do Movimento e em todos os outros jornais. Porém, ele conseguiu publicar grandes coberturas durante os seis anos de vigência, como a edição 80 de 10 de janeiro de 1977, que alertava a sociedade sobre as dificuldades no campo e a edição 226 de 29 de outubro de 1979, que discorreu sobre o poder dos bancos e controle exercido por esse grupo sobre a economia brasileira.
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