terça-feira, 19 de junho de 2012

Um jornal extrovertido

Por João Maia e Felipe Exaltação

Jornalismo de vanguarda, de qualidade e com aquele viés satírico que o fez ser uma referência nacional, mas principalmente pela coragem de seus colaboradores, este era o jornal ex-.

No auge da ditadura militar  quando todos os outros se sentiram obrigados a ficar em silêncio, a edição ex- 16 estampou na capa a manchete liberdade abre as asas sobre nós – a morte do jornalista Vladimir Herzog. Infelizmente a morte de Vlado, como era conhecido Vladimir Herzog, também custou a vida do ex-. Naquele momento o jornalismo brasileiro também viu morrer aos poucos o seu lado jocoso e picante.

Salvo um ou outro colunista, hoje nosso jornalismo é sempre muito sério. Não que isso seja errado ou um problema. Obviamente não é. Mas será que combina com o jeito expansivo e piadista do brasileiro. Falta um pouco do jeito ex- no jornalismo atual, para que a mídia pare de tratar tudo com a mesma monotonia e seja mais espontânea e extrovertida.

Palavras fortes estampadas, nudez, grandes personalidades de forma irreverente, as capas que o jornal ex- publicou foram, entre outras características únicas, uma das grandes armas do jornal. A frase “não julgue um livro pela capa” nunca foi uma unanimidade. A capa é um aspecto importante pois é o primeiro contato que o leitor tem com o jornal, através dela é possível conquistar ou perder um leitor, seja pela beleza da capa, por textos que deixem uma incógnita na cabeça e faça o leitor comprar tal jornal para desvendá-la, assuntos do interesse de todos, etc.

Nesse aspecto o jornal ex- era bem eficaz. Suas capas sempre souberam muito bem como atrair as atenções dos leitores e dos militares. Em plena ditadura, o jornal lançava edições com capas irônicas, ousadas, chamando atenção para o bem, atraindo o interesse de leitores, críticos e outros jornais e para o mal, irritando a ditadura com sua ousadia em pleno regime de censura.

No final, ficam capas memoráveis guardadas nas gavetas dos amantes do bom jornalismo e a esperança de quem um dia larguemos esse jornalismo monótono, cheio de interesses em sua maneira de tratar as noticias do dia a dia e voltemos a ser ousado, criativos e satíricos como o jornal ex- foi.

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